RESENHA CRÍTICA: PENA DE MORTE

Ligia de Barros Alves[1]
           
Dirigido por Pete Travis e lançado no ano de 2012, Dredd é um filme baseado em uma série de quadrinhos de Carlos Ezquerra e John Wagner. A história conta um futuro pós-apocalíptico, onde a violência é contida por juízes que podem prender, julgar e executar a sentença imediatamente. O filme trata-se de uma ficção futurista.
            Pete Travis é pós-graduado em cinema e estreou com um curta metragem chamado Faith no Festival de Cinema de Londres. Seu primeiro filme no cinema estreou quase 11 anos após seu primeiro curta. Vantage Point estreou em primeiro lugar nas bilheterias de cinema. Travis também trabalhou na TV com as séries Cold Feet e The Jury.
            Seu filme tem como referencial uma série em quadrinhos, possui um desenvolver complexo, exigindo atenção do espectador em relação a seu roteiro.
            A história discorre em Mega City One, uma cidade que possui um alto índice de violência. Esta possui juízes encarregados de prender, sentenciar e executar a pena prevista no momento da ação.
            Neste contexto, o juiz Dredd é encarregado de treinar uma juíza mutante em um local dominado por uma poderosa traficante, Ma-Ma. Quando esta descobre que Dredd e sua ajudante prenderam um dos integrantes de sua quadrilha, Ma-Ma dá ordem de que os juízes só poderiam sair do local mortos.
            Após viver uma guerra declarada, Dredd consegue prender, julgar e sentenciar Ma-Ma por seus crimes. Sua ajudante é aprovada como nova juíza.
            A metodologia utilizada no filme é de ficção cientifica, fantasia sobre algo imaginário, podendo ser em uma época futura. O longa possui duração de 1 hora e 35 minutos.
            Um assunto relacionado é abordado no texto “Sobre a pena de morte no Brasil”, escrito por Carlos Eduardo Neves e publicado em janeiro de 2010. Este aborda as exceções em relação a pena de morte no Brasil e também os motivos da mesma não ser permitida em casos comuns.
            Neves atualmente é assistente jurídico do Ministério Público de São Paulo, já trabalhou como advogado por dois anos na área cível e estagiou na Defensoria Pública de Sorocaba. Possui artigos publicados no site DireitoNet, dentre eles “Reformas no Código de Defesa do Consumidor” e “Quantos presídios o Brasil precisa construir?”.
            Seu texto aborda que apenas em casos de guerra declarada o Brasil admite pena de morte, conforme o Código Penal Militar e o Código de Processo Militar. Esta, somente poderia se dar por meio de sentença do Presidente da República, após sete dias da comunicação.
            As hipóteses compreendidas no Código Penal Militar para a aplicação da pena de morte variam de traição, favorecimento do inimigo, fuga em presença do inimigo, insubordinação, entre outros.
            O Brasil não admite pena de morte em casos divergentes a estes apresentados devido a princípios de Direitos Humanos, aos artigos da Constituição Federal e a tratados internacionais de Direitos Humanos. Somente uma nova Constituição poderia permitir a pena de morte brasileira.
            Neves discorre de maneira de fácil leitura e entendimento, utiliza metodologia bibliográfica e com base em pesquisas realizadas a doutrina. O artigo possui duas páginas.
            Tanto artigo quanto filme abordam a sentença da pena de morte.
            No filme, Dredd é um juiz que toma suas decisões baseadas na lei, cabendo a ele ponderar ou não diante da sentença. O filme, por ser uma ficção, acaba não abordando de forma direta como essa decisão acaba sendo importante a acarretando consequências. A distração ocorre em meio a cenas cheias de efeitos especiais e exageros.
            Já Neves tem uma abordagem objetiva perante a pena de morte, não opina sobre o assunto abordado. Possui um texto de fácil entendimento, qualquer leigo compreenderia sua mensagem, apesar de não convidar o leitor a refletir muito sobre o tema.
            Filme e artigo num primeiro momento parecem não se complementar, porém se analisarmos o assunto com mais calma entenderíamos o ponto que estes passam a fazer sentido juntos.
            A pena de morte no Brasil não é permitida pelos Direitos Humanos assegurarem a proteção à vida e dignidade da pessoa humana. Este tipo de sentença uma vez que julgada, não poderia ser desfeita, como é mostrado no filme. Além de cruel, esta não pode garantir a total justiça e imparcialidade no caso, tornando-se assim uma decisão falha.
            Ao nosso ver, a pena de morte é ineficaz e injusta, a única coisa que esta impediria seria a reincidência do crime por razões obvias. A sociedade precisa se conscientizar que a melhor solução para a criminalidade é a tentativa do maior número da população com boas condições de vida, afastando assim a necessidade do crime.
            O artigo pode ser lido por qualquer pessoa, já o filme possui cenas com violência explicita, cabendo assim a responsabilidade dos pais de deixarem ou não seus filhos assistir.


REFERÊNCIA:
Dredd. Direção de Pete Travis.Reino Unido: Paris Filmes, 2012.

NEVES, Carlos Eduardo. Sobre a pena de morte no Brasil. São Paulo:  DireitoNet, 2010. Disponível em: http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/6729/Sobre-a-pena-de-morte-no-Brasil Acesso em: 05/11/13





[1] Aluna de Direito na Faculdade Dom Bosco – Campus Marumbi.

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