“Diante da lei” e Direito Constitucional



Cibele Mereth[1]

            A parábola ¨Diante da Lei¨ faz parte da obra O Processo, publicada no ano de 2011 pela Editora L&PM e escrita por Franz Kafka, que discorre sobre a dificuldade que um cidadão comum tem para acessar a lei.
            Franz Kafka destacou-se por ser um dos maiores ficcionistas do século XX, escrevendo obras importantes como Metamorfose e Um Artista de Fome. Kafka segue a linha de pensamento ficcionista e foi influenciado intelectualmente por Heinrich Van Kleist, Pascal e Kierkegaard. Além disso, estudou Direito na universidade de Praga, onde conheceu seu melhor amigo Max Brod, depositário fiel de suas obras.
Kafka relata a história de um homem do campo com poucos recursos financeiros e com pouco conhecimento, que por vezes tenta acessar a porta da lei, sendo constantemente impedido pelo porteiro. Contudo, passam-se os anos e o homem simples envelhece sem entender o porquê desse não, já que a lei deve ser acessível para todos.
          Essa parábola tem apenas uma única página e foi extraído da obra O processo que contém 247 páginas. Sendo que, o autor utiliza a fabulação como metodologia.
         Fazendo um paralelo com a parábola de Kafka, temos a obra Direito Constitucional, escrita por Regina Maria Nery e publicada no ano 2011 pela Editora Revista dos Tribunais. Nessa obra a autora conceitua a Constituição como lei Fundamental do Estado Brasileiro.
         Nery atua como advogada e como professora em diversas universidades do Paraná. Além disso, é autora de diversos artigos e livros, dando ênfase em Direito Constitucional. A autora foi influenciada intelectualmente por seus professores durante sua vida acadêmica e segue a linha de pensamento positivista.
        A autora aborda em sua obra assuntos como a Supremacia Constitucional, a Interpretação da Constituição, a Organização do estado Brasileiro e principalmente os Direitos Fundamentais. Além disso, conceitua a Constituição em suas Concepções Sociológica, Política, Jurídica e Culturalista.
        A obra tem 1023 páginas, sendo dividida em 21 capítulos, com seus respectivos tópicos e conceitos. A autora utiliza a metodologia bibliográfica.
       Analisando as duas obras podemos concluir que são distintas, mas, que apesar disso podem ser comparadas por tratarem de assuntos pertinentes a um âmbito social, relacionados com os direitos dos cidadãos. Kafka faz essa abordagem através da parábola. Já, Nery utiliza métodos bibliográficos, analisando a constextualização dos pilares que dão sustentação a um universo voltado a prover a satisfação dos direitos fundamentais.
         Apesar de tratarem de assuntos diferentes, as duas obras fazem um paralelo. Na obra de Kafka é feito uma crítica ao sistema judiciário, referente à dificuldade de um homem comum quanto ao acesso à lei. Já, Nery formula uma dogmática constitucional, comprometida com a imperatividade da Constituição onde governantes e governados devem segui-la, sendo dotados de direitos e obrigações, onde todos são iguais.
        A parábola de Kafka acaba envolvendo leitores que gostam de obras com certo suspense e ambiguidade. Porquanto, podemos elencar como ponto forte no texto, a insistência do homem comum e o não constante do porteiro. Além disso, o texto é dirigido para amantes de ficção que gostam de se envolver e viajar nesse universo. Ademais, o texto apresenta uma linguagem acessível e de fácil interpretação. E finalmente, podemos dizer que o texto nos remete quão lento é o sistema judiciário, chegando a se tornar impossível que a justiça realmente aconteça.
       A dogmática constitucional de Nery enfatiza os direitos fundamentais e a importância de igualdade dos cidadãos perante a Carta Magna. Podemos elencar como ponto forte em sua obra o capitulo 17, onde ela explica os direitos sociais, discorrendo sobre o Estado democrático de Direito, onde todos devem ter acesso à lei. Além disso, o livro é dirigido para acadêmicos de direito, que buscam informações na disciplina de Direito Constitucional. Ademais, a obra apresenta uma linguagem acessível e auxilia de forma plausível a aprendizagem de acadêmicos de direito.


REFERÊNCIA:
KAFKA, Franz. O Processo. Trad. Marcelo Backes. Porto alegre: L&PM, 2011, p. 246-247.
NERY, Regina Maria. Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.



[1] Cibele Mereth, 2° período, na Faculdade Dom Bosco.

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