RESENHA “Interpretação constitucional”



                                                                 Márcio Müller Fernandes[1]

O texto “Interpretação Constitucional”, publicado pela Editora Saraiva, na obra Interpretação Constitucional, no ano de 2011, do autor Inocêncio Mártires Coelho, trata sobre a transformação na forma de interpretar a Constituição.
Mártires Coelho é Doutor em Direito e Professor do Instituto Brasiliense de Direito Público. Possui inúmeros trabalhos jurídicos publicados em revistas especializadas, participou de diversos congressos, seminários e simpósios, proferindo inúmeras conferências e palestras. Ele segue uma linha de pensamento constitucionalista com bases na escola histórica, apresentando um texto especializado, exigindo um prévio conhecimento do assunto, mas escrito de forma agradável e com uma linguagem moderna.
O autor considera que, por sua natureza e função, os textos constitucionais são mais propensos às mutações na sua interpretação do que os demais comandos jurídicos. Estas mutações são alterações semânticas dos preceitos, em decorrência das transformações histórico-sociais ou fático-axiológicas, pois as leis, durante toda a sua vigência, sofrem pequenas alterações semânticas. Outras vezes, porém, a lei se mantém imutável, mas seu significado pode ruir ou se enriquecer mediante a interferência de fatores diversos, lhe atribuindo uma nova direção aos seus enunciados. Estas alterações podem ser resultados: do impacto de novas valorações ou de mudança na hierarquia dos valores dominantes; de fatos que venham a modificar a incidência da norma ou da intercorrência de normas, que não revogam a lei anterior, mas interferem em seu raio de atuação.
As mutações decorrem da linguagem constitucional somada a fatores externos de origem econômica, social ou cultural. A incoerência entre a norma constitucional e a realidade constitucional tem origem em pratica estatal que não viola formalmente a Constituição; pela impossibilidade de se exercer certos direitos ou por uma pratica estatal contraditória com a Constituição. Estas mutações geram controvérsias entre os operadores do direito, pois qualquer texto esta sujeito à mutação. Estas novas interpretações mostram o modo pelo qual os operadores vão transformando o direito legislativo em direito interpretado no ritmo das alterações sociais.
Outro ponto importante é a questão da legitimidade destas mutações normativas, fazendo com que todos os juristas, ao analisarem os processos informais de criação do direito advirtam para que estas novas leituras se mantenham no espectro dos significados aceitáveis do texto jurídico. Apesar da Constituição não ser um  texto rígido e estático, da mesma forma não cabe à discrição dos interpretes o seu texto, evitando assim alterações prejudiciais. Esta preocupação se justifica no efeito vinculante da Constituição sobre todo o ordenamento jurídico. A solução apresentada é a existência das cláusulas pétreas, que na nossa Constituição, por exemplo, proíbem proposta de emenda constitucional sequer tendenciosa a abolir a forma federativa do Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos poderes e os direitos e garantias fundamentais.
            O texto tem 6 páginas e esta dividido em alguns tópicos menores. O autor utiliza uma abordagem metodológica histórica e bibliográfica. Tem caráter didático de grande importância nos estudos iniciais do Direito, oferecendo para seus leitores uma noção detalhada sobre o assunto, não apenas tratando do tema principal, como também elencando suas possíveis origens e suas consequências. Seu ponto forte é que trata de forma exaustiva um tema complexo. O texto é voltado tanto para acadêmicos de direito quanto a operadores do Direito em geral. 

REFERÊNCIA
COELHO, Inocêncio Mártires. Interpretação Constitucional. Interpretação Constitucional, São Paulo, Editora Saraiva, 4ª edição, 2011.


[1]              Acadêmico de Direito, 2° período, na Faculdade Dom Bosco.

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