RESENHA CRÍTICA “Precisamos falar sobre o Kevin” e “psicopatia – a máscara da justiça”


                                                                                   Josiane Ap. Honorato[1]



            O filme Precisamos falar sobre o Kevin, é um drama dirigido por Lynne Ramsay, no ano de 2011. Foi inspirado pelo romance de Lionel Shriver publicado em 2003.  O filme mostra o relacionamento conturbado entre Eva (Tilda Swinton) e seu filho Kevin (Jasper Newell/Ezra Miller). Enfatizando a perversidade de Kevin e a distância que existe entre mãe e filho.
A diretora Lynne Ramsay nasceu em 1969, na Escócia. Em 1995, formou-se na Escola de Cinema e Televisão Nacional de Londres. Ramsay é uma cineasta premiada mundialmente. Entre suas premiações estão Pequenas Obras, Kill the Day e Ratcatcher. Precisamos falar sobre o Kevin, é um filme bem estruturado e intrigante, embora não seja de fácil compreensão, desperta uma grande curiosidade em quem o assiste.
            A história do filme relata em flashbacks, a maternidade indesejada de Eva (Tilda Swinton). Eva dá a luz ao Kevin (Jasper Newell), e então começa aí, um relacionamento conturbado. A falta de experiência, ou até mesmo a falta do desejo de ser mãe, acaba prejudicando o relacionamento mãe e filho nos primeiros anos de vida de Kevin. Contudo, anos depois, na infância de Kevin, Eva começa a perceber uma personalidade perversa. Ao passar dos anos isto não melhora, e irá desencadear o horror vivido pela personagem Eva, e pelos estudantes da escola de Kevin.
            A duração do filme é de 112 minutos. O método da autora é a ficção, e neste caso em específico, é baseado no Romance da escritora Lionel Shriver.
Em busca de uma explicação ao comportamento de Kevin, adentramos no livro Psicopatia – a máscara da justiça, mais especificamente em seus capítulos seis e sete, intitulados respectivamente: “Psicopatia e culpabilidade” e “Psicopatas tem cura?” Esta obra foi publicada em coautoria por Jorge Trindade, Andréa Beheregaray e Mônica Rodrigues Cuneo, pela livraria do Advogado, no ano de 2009, em Porto Alegre. O texto discorre sobre como o Direito e a sociedade abordam a Psicopatia.
Os autores Trindade, Beheregaray e Cuneo, todos graduados, sendo Trindade pós-doutorado em Psicologia Forense, na Universidade Fernando Pessoa, Porto; Beheregaray, graduada em Psicologia pela PUC do Rio Grande do Sul em 2003; e, finalmente, Cuneo, é pós-graduada pela Escola Superior do Ministério Público do Rio Grande do Sul, desde 2006. Trindade publicou também o Manual de Psicologia Jurídica e Pedofilia: aspectos psicológicos e penais. Já Beheregaray, é autora do livro TPM – Crônicas de uma mulher. Os autores utilizam a metodologia bibliográfica, e seu texto possui uma linguagem de fácil compreensão.
Os autores explicam o que é a culpabilidade, com intuito de diferenciar outros tipos de doenças mentais com os psicopatas. Vários autores são citados, em torno do tema psicopatia, e vários entendimentos sobre a questão são expostos. Entre eles é desenvolvida a idéia de inimputabilidade, e se os psicopatas poderiam se privilegiar da inimputabilidade indicada no Código Penal Brasileiro.
E finalmente, quanto à cura dos psicopatas, muito tem sido pesquisado. No entanto, é ainda para os pesquisadores um enigma muito grande. Sabe-se que os psicopatas utilizam o meio que estão para seu próprio interesse. Sendo assim, facilmente corrompem os que tentariam auxiliar, e descobrem, por menor que seja, uma brecha nos regulamentos que possa ser utilizada a seu favor. 
            Os capítulos têm vinte e sete páginas. Os autores utilizam em suas obras metodologia bibliográfica.
Lynne Ramsay aponta em seu filme um comportamento perverso do personagem Kevin. Já os autores Trindade, Beheregaray e Cuneo, nos trazem o conceito da personalidade de um psicopata, que por sua vez, demostra uma perversidade, tal qual encontramos no personagem Kevin.
O Drama dirigido por Ramsay, desperta uma série de sentimentos em seu público. Provocam esperança na transformação do personagem, e diversas reflexões diferentes sobre o ser humano. Assim como no filme, as reflexões também aparecem ao ler os capítulos “Psicopatia e culpabilidade” e “Psicopatas tem cura?” No sentido contrário, está a obra citada dos autores Trindade, Beheregaray e Cuneo revelando que o psicopata é um ser extremamente consciente de seus atos. Que não sente culpa alguma e demonstra um extinto predador elevado.
Ramsay soube envolver seu telespectador, brilhantemente, em uma atmosfera de suspense, revelada aos poucos na forma de flashbacks. Desta forma o filme é recomendado a todos que gostam de um bom drama e suspense. No prisma da realidade, o texto sobre a psicopatia revela mais sobre o ser. Deixando claro aos leitores, que não podemos julgar uma doença mental à primeira vista. Levando a concluir que o psicopata, na realidade, não é só perverso, como era Kevin, e sim, consciente do que faz, e sem nenhum arrependimento posterior. Os seus textos são indicados à acadêmicos de direito e psicologia.

REFERÊNCIAS
Precisamos falar sobre o Kevin. Direção de Lynne Ramsay. EUA : Jennifer Fox e outros, 2011.
TRINDADE, Jorge. BEHEREGARAY, Andréa. CUNEO, Mônica Rodrigues. Psicopatia e culpabilidade. Psicopatas tem cura? In: Psicopatia - a máscara da justiça. Porto Alegre : Livraria do Advogado, 2009, p. 123-148.

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