RESENHA CRÍTICA Psicopatia como fator punitivo
César Augusto Pereira[1]
A
dura história de um garoto com traços de psicopatia é relatada no filme Precisamos falar sobre Kevin, lançado em
27 de janeiro de 2012. Este filme tem como protagonistas Tilda Swinton (no
papel de Eva), John C. Reilly (representando Franklin) e Ezra Miller (no
brilhante papel de Kevin), tendo como Diretora Lynne Ramsay.
Lynne
Ramsay se formou em cinema pela National
Film and Television School, em 1995. Em seguida, entrou na Escola de Cinema
e Televisão Nacional, onde se especializou em fotografia e direção. Sendo mais
conhecida pelos filmes Ratcatcher e Morvern Callar. Seus filmes são
baseados nas histórias de crianças maltratadas, vítimas e autoras de crimes
brutais, sendo assim, são sempre chocantes e de difícil compreensão por se
tratarem de crimes onde envolve o lado psicopático da pessoa.
Em
Precisamos Falar sobre Kevin, Eva mora
sozinha e teve sua casa e carro pintados de vermelho. O motivo vem de seu
passado, da época em que era casada com Franklin. Seu relacionamento com o
primogênito, Kevin, sempre foi complicado, desde quando ele era bebê. Com o
tempo a situação foi se agravando, mas, mesmo conhecendo o filho muito bem, Eva
jamais imaginaria do que ele seria capaz de fazer.
O
filme tem 1h50min e é feito em formas de Flash
Back, no começo fica complicado para entender, mas logo é possível
compreender o sentido do filme. A Escritora Lionel Shriver se utilizou de
pesquisas de campo, onde analisou dezenas de casos para criar a história de Eva
e seu filho Kevin.
Em
concomitância O livro Psicopatia – a
máscara da justiça foi escrito pelo autor Jorge Trindade com a colaboração
das autoras Andréa Beheregaray e Mônica Rodrigues Cuneo. Escrito em 2009 e
publicado pela Livraria do Advogado Editora a obra traz a questão do psicopata,
mostrando que a psicopatia não é uma doença mental, mas sim um transtorno da
personalidade.
Jorge
Trindade é advogado e psicólogo. Atualmente é Presidente da Sociedade
Brasileira de Psicologia Jurídica e autor de várias obras, dentre elas: Manual de Psicologia Jurídica e Pedofilia:
aspectos psicológicos e penais. Andréa Beheregaray é psicóloga, formada
pela PUC-RS e Mestre em ciências criminais também pela PUC-RS. E Mônica
Rodrigues Cuneo, formada em Direito na UERJ, com especialização no Direito da
criança e do adolescente. Atualmente é Promotora de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro. Todos os autores utilizam como referencial a psicologia jurídica, por
se tratar de uma escrita científica o livro é de difícil compreensão.
Psicopatia – a máscara da
justiça é um livro de revisão sobre o tema da psicopatia. Os
autores afirmam que diferentemente do que pensam os psicopatas não são doentes,
mas existe sim um transtorno em sua personalidade. Na leitura das páginas é
possível compreender o quão difícil é entender os pensamentos dos psicopatas,
pois eles transmitem suas emoções de forma diferente dos demais. No livro é
dito que os psicopatas têm emoções e sabem o que fazem, porém são incapacitados
de sentir compaixão pelos demais, pois seus sentimentos são sempre ou quase
sempre egoístas.
O
livro é dividido em oito partes, contendo no total 169 páginas. Cada parte irá
mostrar uma característica da psicopatia. Os autores se utilizam dos seus
conhecimentos científicos e das referências bibliográficas para escrever essa
obra.
Do
exposto a psicopatia não é uma doença mental, com isso se retira a ideia da
inimputabilidade, até porque os ditos psicopatas são capazes de saber o que
estão fazendo e até são capazes de premeditar um crime, esperando o momento
certo para agir.
Não
são fáceis de entender os pensamentos dessas pessoas, pois muitos são os
motivos para alguém praticar esses atos de extrema violência. Hoje os estudos
se pautam em causas genéticas e no simples fato da falta de atenção, de carinho
ou os abusos sofridos na infância e etc. A questão é que um psicopata não
possui problemas mentais e nem má formação do seu aparelho psíquico, é apenas
um transtorno em sua personalidade. Portando é impossível aplicar a
inimputabilidade nessas pessoas. Por outro lado, a simples punição também é o
ponto que estamos defendendo. Acreditamos que um psicopata deveria ser
submetido às diretrizes do Art.98 do Código Penal, que prevê a substituição da
pena por medida de segurança quando o condenado precisa de tratamento curativo.
Porque
atualmente a medida de segurança é apenas para os doentes mentais com
perspectiva de cura ou tratamento. Todavia um psicopata possui um transtorno de
personalidade que deve ser analisado e controlado para o bem de todos. Tanto o
filme quando o livro são recomendados para todos as pessoas que se interessam
pelo fascinante estudo da mente humana.
REFERÊNCIA:
Precisamos falar sobre Kevin.
Direção de Lynne Ramsay. Reino Unido: UK Film Council, 2012.
TRINDADE,
Jorge. Psicopatia – a máscara da
justiça. Andréa Beheregaray, Mônica Rodrigues Cuneo. Porto Alegre: Livraria
do Advogado Editora, 2009.
Comentários
Postar um comentário